domingo, 22 de agosto de 2010

Bactérias e suas transmutações




“A necessidade por novas opções terapêuticas para o tratamento de infecções por bactérias multirresistentes é reconhecida pela comunidade científica", explica Ana Gales, professora de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O alerta sobre o aparecimento de uma superbactéria resistente a quase todos os antibióticos e capaz de se espalhar pelos países do globo suscitou o medo do surgimento de uma nova pandemia – poucos dias após o anúncio da OMS sobre o fim da pandemia de gripe.

 A (H1N1). Especialistas consultados por VEJA.com acreditam que a situação merece atenção, mas não há necessidade de alarmismo e mudanças no cotidiano das pessoas. “É preciso esclarecer para a população que o conceito de ‘super’ bactéria não quer dizer que é uma bactéria capaz de destruir tudo e deixar todos doentes. É um termo que utilizamos para explicar que é uma bactéria resistente a antibióticos”, explica Luiz Fernando Aranha Camargo, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Em artigo publicado pela revista científica Lancet na quarta-feira, um grupo de cientistas chamou a atenção para o isolamento de um gene (NDM-1) em dois tipos comuns de bactérias - Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli (E.coli). 

Essa mutação é responsável por tornar as duas bactérias resistentes aos principais grupos de antibióticos, os carbapenens – normalmente utilizados como última tentativa em tratamentos de emergência em pacientes em que os antibióticos não fazem mais efeito.

De acordo com os cientistas britânicos, as bactérias foram levadas ao Reino Unido por pacientes que viajaram à Índia e ao Paquistão para a realização de cirurgias eletivas (cirurgias que podem ser agendadas), inclusive estéticas. “É uma bactéria que pode viajar por causa da globalização, mas ela é transmitida dentro de um ambiente hospitalar”, explica Camargo.

Segundo Ana Gales, professora de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o grande problema de infecções causadas por bactérias como essas é que geralmente “restam pouquíssimas opções terapêuticas”. Há uma disponibilidade bastante restrita de drogas para o tratamento de infecções por bactérias resistentes e faltam estudos na área para saber sobre a eficácia delas.

“A necessidade por novas opções terapêuticas para o tratamento de infecções por bactérias multirresistentes é reconhecida pela comunidade científica. Tanto que existe uma iniciativa da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, que resumidamente sugere que os governos americano e europeus se comprometam no desenvolvimento de pelo menos novas dez drogas antimicrobianas até 2020”, explica Gales.

Prevenção – Em tese, o controle da resistência bacteriana é simples: pode ser feito a partir do o uso de luvas e aventais, até a simples higienização das mãos. A dificuldade é que nem sempre as orientações são seguidas. “A resistência bacteriana é um problema de saúde pública. Qualquer pessoa pode ser vítima de um acidente, ou ter câncer, necessitar de internação hospitalar e acabar adquirindo uma bactéria multirresistente”, diz Gales.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/a-superbacteria-e-o-medo-de-contagio

 Semmelweis (1844).

Obstetra húngaro nascido em Buda, famoso por descobrir a prevenção da febre puerperal e, assim, introduzindo a profilaxia anti-séptica na prática médica. Estudou na Universidade de Pest e doutorou-se pela Universidade de Viena (1844), foi indicado para assistente da clínica obstétrica de Viena e tornou-se professor assistente na maternidade do Hospital Geral de Viena. 

Observando a elevada mortalidade de mães jovens depois do parto, observou que essa taxa era mais alta nas mulheres situadas na primeira seção da clínica que nas da segunda, embora em ambos os setores as mães recebessem idêntico tratamento e concluiu que à transmissão de infecções se dava por meio dos internos do hospital, que procediam diretamente de tais laboratórios para as salas da maternidade. 

Determinou então rigorosas medidas de assepsia, principalmente a lavagem das mãos dos médicos com sabão antes do exame das parturientes. A queda sensível da taxa de mortalidade provocou o despeito do chefe da clínica, que o forçou a se afastar de Viena (1850) e foi para a Universidade de Pest, onde trabalhou como médico obstetra na maternidade da cidade, aplicou seus métodos com mesmo sucesso e tornou-se professor de obstetrícia. 

Embora não tenha descoberto as causas das infecções, como Pasteur, escreveu uma obra importante para a medicina da época, Die Ätiologie, der Begriff und die Prophylaxis des Kindbettfiebers (1861), postumamente reeditada sob o título Offene Briefe an Professoren der Geburtshilfe von Semmelweis (1899). I