domingo, 22 de agosto de 2010

AGROTÓXICOS - Teste de Colinesterase - Estamos consumindo o lixo que outras nações rejeitam


Nessa nova análise, alguns produtos merecem um comentário à parte.
No caso do Pimentão 89% das amostras, o equivalente a 190 das 213 amostras estudadas, estavam altamente contaminadas com venenos químicos. Destas, 84% eram de pesticidas não autorizados para esse tipo de cultura, enquanto que 20 agrotóxicos diferentes – desconhecidos mesmo pelos fiscais –, também foram detectados, sendo 17 inseticidas e 3 fungicidas.
No morango, das 211 amostras, 119 ou 59% do total estavam contaminadas à níveis absurdos, e foram encontrados 39 inseticidas e fungicidas de uso estritamente proibido, ou mesmo variedades banidas.
Outro caso que merece atenção é a cultura da Abobrinha, onde 110 ou 48% das 229 amostras analisadas estavam encharcadas por 18 tipos de agrotóxicos distintos.

Veja na tabela o resultado desse último censo. Embora as amostras analisadas tenham sido maiores que no levantamento anterior, no quadro alguns números aparecem como "Não Informados."

Produto
Amostras
( % )
Abacaxi
Não Informado.
41,0
Abobrinha
229
48,0
Alface
240
47,0
Arroz
Não Informado.
16,0
Cenoura
Não Informado.
33,0
Feijão
245
7,3
Laranja
Não Informado.
28,0
Maçã
Não Informado.
8,0
Mamão
Não Informado.
20,0
Milho
Não Informado.
33,0
Fubá
208
3,0
Morango
211
59,0
Pepino
Não Informado.
42,0
Pimentão
213
89,0
Tomate
246
16,0
Uva
229
29,0

Mais sobre alimentos em:
http://gfugeradordefrequencia.blogspot.com.br/2011/03/8.html


29% dos alimentos analisados  apresentam irregularidades
3.130 amostras de 20 alimentos foram analisadas em 2009.
Foram detectados resíduos de agrotóxicos e ingredientes não autorizados.

Do G1, em Brasília http://g1.globo.com/brasil/noticia

Produto Total de amostras insatisfatórias
Pimentão 80%
Uva 56,4%
Pepino 54,8%
Morango 50,8%
Couve 44,2%
Abacaxi 44,1%
Mamão 38,8%
Tomate 32,6%
Beterraba 32%
Arroz 27,2%
Cenoura 24,8%
Repolho 20,5%
Cebola 16,3%
Laranja 10,3%
Manga 8,1%
Maçã 5,3%
Banana 3,5%
Feijão 3%
Batata 1,2%

Os casos mais problemáticos foram os do pimentão, com 80% das amostras insatisfatórias; a uva, com 56,4%; o pepino, com 54,8%; e o morango, que teve 50,8%. 

Os dados fazem parte do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Em 2009, o programa monitorou 20 culturas em 26 estados do Brasil. Das amostras coletadas em 2009, 26,9% foram rastreadas até o produtor ou associação de produtores, 5,2% até o embalador e 64,9% até o distribuidor. Somente 3% das amostras não tiveram qualquer rastreabilidade.


Nesta situação, chama a atenção a grande quantidade de amostras de pepino e pimentão contaminadas com endossulfan, de cebola e cenoura contaminados com acefato, e de pimentão, tomate, alface e cebola contaminados com metamidofós. Além de serem proibidas em vários países do mundo, essas três substâncias já começaram a ser reavaliadas pela Anvisa e tiveram indicação de banimento do Brasil.

Cuidados

Para reduzir o consumo de agrotóxico em alimentos,  o consumidor deve optar  por produtos com origem identificada. Essa identificação aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos, com adoção de boas práticas agrícolas.

É importante, ainda, que a população escolha alimentos da época ou produzidos por métodos de produção integrada (que a princípio recebem carga menor de agrotóxicos). Alimentos orgânicos também são uma boa opção, pois não utilizam produtos químicos para serem produzidos.

Os procedimentos de lavagem e retirada de cascas e folhas externas de verduras ajudam na redução dos resíduos de agrotóxicos presentes apenas nas superfícies dos alimentos. “Os supermercados também tem um papel fundamental nesse processo, no sentido de rastrear, identificar e só comprar produtos de fornecedores que efetivamente adotem boas práticas agrícolas na produção de alimentos”, afirma Meirelles.

Agencia Estado

Campeão mundial de uso de agrotóxicos, o Brasil se tornou nos últimos anos o principal destino de produtos banidos em outros países. Nas lavouras brasileiras são usados pelo menos dez produtos proscritos na União Europeia (UE), Estados Unidos e um deles até no Paraguai. A informação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados das Nações Unidas (ONU) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Apesar de prevista na legislação, o governo não leva adiante com rapidez a reavaliação desses produtos, etapa indispensável para restringir o uso ou retirá-los do mercado. 

Até agora, dos 14 produtos que deveriam ser submetidos à avaliação, só houve uma decisão: a cihexatina, empregada na citrocultura, será banida a partir de 2011. Até lá, seu uso é permitido só no Estado de São Paulo.

Enquanto as decisões são proteladas, o uso de agrotóxicos sob suspeita de afetar a saúde aumenta. Um exemplo é o endossulfam, associado a problemas endócrinos. Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que o País importou 1,84 mil tonelada do produto em 2008. Ano passado, saltou para 2,37 mil t. "Estamos consumindo o lixo que outras nações rejeitam", resume a coordenadora do Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz, Rosany Bochner.

O coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Rangel, admite que produtos banidos em outros países e candidatos à revisão no Brasil têm aumento anormal de consumo entre produtores daqui. Para tentar contê-lo, deve ser editada uma instrução normativa fixando teto para importação de agrotóxicos sob suspeita. O limite seria criado segundo a média de consumo dos últimos anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Teste de Colinesterase

Um valioso indicador da relação entre exposição a agrotóxicos e problemas de saúde é o nível da enzima colinesterase no sangue.

A inibição da colinesterase por meio dos compostos fosforados ou carbamatos provoca o acúmulo de acetilcolina, e o organismo passa a apresentar uma série de manifestações (efeitos muscarínios, nicotínicos e centrais).
coleta de sangue

É uma enzima cujo papel fundamental é a regulação dos impulsos nervosos através da degradação da acetilcolina na junção neuromuscular e na sinapse nervosa.

 Existem duas categorias de colinesterases: a acetilcolinesterase (colinesterase verdadeira), que é encontrada nos eritrócitos, no pulmão e no tecido nervoso; e a colinesterase sérica, sintetizada no fígado, também chamada de pseudocolinesterase. Fonte: Diagnósticos da América.

Sua determinação é útil na avaliação e no acompanhamento de pacientes com intoxicação por organofosforados (inseticidas) que inibem a colinesterase eritrocitária e diminuem os níveis da colinesterase sérica.

A colinesterase sérica está diminuída nas doenças parenquimatosas hepáticas (hepatites virais, cirrose), na insuficiência cardíaca congestiva, nos abscessos e neoplasias.
coleta de sangue3

Os níveis baixos persistentes nos cirróticos têm sido apontados como marcador de mau prognóstico.

Valores diminuídos também são encontrados em estados de desnutrição, infecções agudas, anemias, infarto do miocárdio e dermatomiosite. Diversas drogas como estrogênios, testosterona e contraceptivos orais também podem interferir nos níveis da colinesterase sérica.

A colinesterase pode estar aumentada em pacientes obesos, em diabéticos e na síndrome nefrótica.

Para trabalhos que envolvam produtos organofosforados e carbamatos, a NR 7 - Programa de controle médico de saúde ocupacional, da Portaria n.º 3.214, de 08/06/1978 do Ministério do Trabalho, prevê que a periodicidade para a realização da análise da colinesterase eritrocitária, colinesterase plasmática ou colinesterase eritrocitária e plasmática (sangue total) seja, no mínimo, semestral.
coleta de sangue2

O exame médico periódico dos trabalhadores expostos à substâncias tóxicas é indispensável para comprovar a presença de efeitos adversos, conseqüência de medidas de controle insuficientes, práticas de trabalho inapropriadas ou exposição a níveis máximos toleráveis das pessoas expostas. O ideal seria que fosse estudado o tempo real de exposição dos funcionários que aplicam o praguicida, fixando-se os índices de segurança do tempo máximo e mínimo de exposição.

O agricultor deverá procurar imediatamente atendimento médico, na presença de quaisquer sintomas que possam indicar um quadro de intoxicação.


O Brasil se transformou desde 2007, FAZ TEMPO !!! no maior consumidor mundial de venenos agrícolas. E na ultima safra as empresas produtoras venderam nada menos do que um bilhão de litros de venenos agrícolas. Isso representa uma media anual de 6 litros por pessoa ou 150 litros por hectare cultivado. Uma vergonha. Um indicador incomparável com a situação de nenhum outro país ou agricultura.

Há um oligopólio de produção por parte de algumas empresas transnacionais que controlam toda a produção e estimulam seu uso, como a Bayer, a Basf, Syngenta, Monsanto, Du Pont, Shell química etc.

O Brasil possui a terceira maior frota mundial de aviões de pulverização agrícola. Somente esse ano foram treinados 716 novos pilotos. E a pulverização aérea é a mais contaminadora e comprometedora para toda a população.

Há diversos produtos sendo usados no Brasil que já estão proibidos nos países de suas matrizes. A ANVISA conseguiu proibir o uso de um determinado veneno agrícola. Mas as empresas ganharam uma liminar no "neutral poder judiciário" brasileiro, que autorizou a retirada durante o prazo de três anos... e quem será o responsável pelas conseqüências do uso durante esses três anos? Na minha opinião é esse Juiz irresponsável que autorizou na verdade as empresas desovarem seus estoques.

Os fazendeiros do agronegócio usam e abusam dos venenos, como única forma que tem de manter sua matriz na base do monocultivo e sem usar mão-de-obra. Um dos venenos mais usados é o secante, que é aplicado no final da safra para matar as próprias plantas e assim eles podem colher com as maquinas num mesmo período. Pois bem esse veneno secante vai para atmosfera e depois retorna com a chuva, democraticamente atingindo toda população inclusive das cidades vizinhas.

O Dr. Vanderley Pignati da Universidade Federal do Mato Grosso tem várias pesquisas comprovando o aumento de aborto, e outras conseqüências na população que vive no ambiente dominado pelos venenos da soja.

Diversos pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e da Universidade federal do Ceara já comprovaram o aumento do câncer, na população brasileira, conseqüência do aumento do uso de agrotóxicos.

A ANVISA -responsável pela vigilância sanitária de nosso país-, detectou e destruiu mais de 500 mil litros de venenos adulterados,somente esse ano, produzido por grandes empresas transnacionais. Ou seja, alem de aumentar o uso do veneno, eles falsificavam a fórmula autorizada, para deixar o veneno mais potente, e assim o agricultor se iludir ainda mais.

O Dr. Nascimento Sakano, consultor de saúde, da insuspeita revista CARAS escreveu em sua coluna, de que ocorrem anualmente ao redor de 20 mil casos de câncer de estomago no Brasil, a maioria conseqüente dos alimentos contaminados, e destes 12 mil vão a óbito.

Tudo isso vem acontecendo todos os dias. E ninguém diz nada. Talvez pelo conluio que existe das grandes empresas com o monopólio dos meios de comunicação. Ao contrário, a propaganda sistemática das empresas fabricantes que tem lucros astronômicos é de que, é impossível produzir sem venenos. Uma grande mentira. A humanidade se reproduziu ao longo de 10 milhões de anos, sem usar venenos. Estamos usando veneno, apenas depois da segunda guerra mundial, para cá, como uma adequação das fabricas de bombas químicas agora, para matar os vegetais e animais. Assim, o poder da Monsanto começou fabricando o Napalm e o agente laranja, usado largamente no Vietnam. E agora suas fabricas produzem o glifosato, que mata ervas, pequenos animais, contamina as águas e vai parar no seu estômago.

Esperamos que na próxima legislatura, com parlamentares mais progressistas e com novo governo, nos estados e a nível federal, consigamos pressão social suficiente, para proibir certos venenos, proibir o uso de aviação agrícola, proibir qualquer propaganda de veneno e responsabilizar as empresas por todas as conseqüências no meio ambiente e na saúde da população.

* Economista. Integrante da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Via Campesina Brasil